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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Orfanato e o Oceano


Passou meses carrengando suas trouxas de baixo pra cima, de um canto a outro. Casas de amigos, de conhecidos, conhecidos de conhecidos, desconhecidos… Até não ter mais para onde ir. Estava à beira de se tornar um sem teto. Sem família para abrigá-lo e com um trabalho que não lhe rendia o aluguel de um quarto, resolveu voltar.
Nunca tinha percebido que as árvores, de tão grandes, quase não permitiam a passagem da luz solar. Por isso as paredes grossas retinham tanta umidade e o lugar possuía um ar tão sombrio. Ficou sentado no banco em frente ao casarão. Tinha medo de entrar e nunca mais conseguir sair.
Quando resolveu bater na porta do orfanato, já era de madrugada e o Padre Bernardo o atendeu. Tornaram-se grandes amigos e ele era sua única família. O único que restava naquele casarão sem fim. Habitado apenas por fantasmas. Tinha jurado nunca mais voltar… Porém as circunstâncias puxavam-no como um imã.
O padre sugeriu um quarto no andar de cima. Justo aquele, entre tantos que ali haviam…
Não quis contrariar o padre, já que ele o acolhera sem fazer perguntas. Andou pelos corredores escuros, que conhecia de cor, até chegar ao pequeno quarto. Deitou-se no colchão de ar que carregava consigo. Esperou, como de costume, pelos fantasmas. Os velhos conhecidos seus. Na cama, ao lado da janela, morrera uma jovem de apenas 20 anos. Ela dera seu suspiro final cheia de pústulas. Sua pele, em alguns lugares, parecia a de um sapo. Não se lembrava mais do rosto da pobre garota.
A cada noite conversava algumas horas com um visitante diferente. Todos queriam um pouco de seu tempo. Se conformou com sua velha função de analista de defuntos, e às vezes, chegava a esperar ansioso pelas visitas noturnas.
Em certos momentos, pensava que talvez o próprio padre Bernardo fosse um deles. Só o encontrava de madrugada, na cozinha escura. À manter aquele corpanzil, com os pães embolorados, iluminado apenas pela luz da geladeira.

Há poucos dias recebeu uma carta, de uns parentes que souberam de sua existência. Viviam numa ilha do pacífico e chamavam-no para morar com eles. Não pôde acreditar em tamanha sorte.

Nessa mesma noite a jovem que morrera no seu quarto e que nunca havia aparecido, veio visitá-lo. Estava bonita como antes da doença. Mas ele tinha visto suas feridas, sabia como ela havia saído dessa vida. Ela, como que lendo seus pensamentos recuou para um canto escuro do quarto, enchendo-se de fissuras, como se sentisse vergonha. Desapareceu, e não mais voltou.

Depois desse evento, uma dúvida começou a assombrar sua cabeça. Seria ele mais um fantasma vagando naquele orfanato esquecido por Deus?


Então pensou: tudo que poderia fazer agora, era continuar trabalhando em seu penoso ofício. Juntar dinheiro para a passagem e partir para as ilhas ensolaradas. 

Ele sente que só terá certeza de ainda estar vivo, quando cruzar o grande oceano.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

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